quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

FINAL

Afinal o que é final? Finalmente chegar aos finalmentes, finalmente poder contar algo, final de tudo, de campeonato, de namoro e de vaidade. Final da cidade, final de ambiguidade. A final das finais, seja na finalidade, na subjetividade ou na casualidade. A final de hoje se torna a raridade. Afinal estou nessa final que afina, desafina, afunila, afinalada, afinada, afundada. Que bela marmelada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

PASSARELA

Há uma passarela que se pode andar e desfilar por todos os sentidos, tons e movimentos.
Existe uma luz que foca os pés de quem sobe as galgadas de cada espaço em cada tempo, num andar determinante para quem quer chegar longe.
Quando está amarela é porque reluz à esperança e confiança. Nos dias em que está azul é porque deve-se passar sem medo e confiante de si e do que se quer fazer do outro lado.
Mas nos dias em que está sem cor alguma é quando há de se ter o máximo cuidado. Neste dia quem passa por ela é nada mais do que a própria pessoa. Sem roupas, sem cores, sem luz, sem plateia.
Neste dia, chegar ao outro lado pode ser algo muito fácil e desapercebido ou um martírio para quem não sabe quem é, nem como é não ser notado. De qualquer forma, é igual e interessante observar a passarela e seus desfiles, suas cores e as pretensões de quem está lá. É irrecusável a vontade de subir e passar para a ponte, para o mapa, para a cerca, para o lugar, para lá.
As câmeras focam ângulos que melhor se enquadram no ecrã e, a plástica final no visor é de conquistar qualquer televidente. Confesso que o movimento de câmeras fascinam, deixam os olhos pregados na tela - é uma transmissão simultânea para mais de vinte pessoas, todas anciosas pelo evento comum do dia-a-dia. As gruas utilizadas dão a sensação de cerimônia vista de cima e, ao se aproximar dos que estão ali, focalizam pernas até a cintura. São quadris que se movimentam elegante de lá para cá num andar ipnotizador e confiante.
Os sapatos estão de moda. Há uma disputa por qual será o mais desejado para dar entrevistas finais e qual será seguido e copiado pelos demais que acompanham ao vivo ou em casa nos telões de mídia interativa. Basta um click para começar o evento, o click do diretor que acompanha tudo em seu painel de controle com sete televisores cada um ligado a uma câmera que capta os movimentos de cada perna, de cada sapato, o remelexo de cada cintura.
Depois de iniciada a transmissão sentemo-nos, e perde quem despertar primeiro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

QUEBRAR O TEMPO

Quebar o tempo é quebrar o tempo.
É quebrar as horas o costume e a rotina.
É criar novos hábitos e dias.
Quebrar o tempo é o gosto de parar e sentir-se liberto.
Mas liberto logo se aprisiona.
E de uma forma ou de outra logo se engessa o tempo quebrado.
Afinal liberdade vaga não dá tempo de viver o tempo.
E reconstituído o quebrado, com novo ânimo, se dá novo sabor ao tempo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

LIMPIZIK

As chaves ultra sonográficas estão conectadas da forma mais ajustada a serem inseridas nos meios de existências locais. Há que girar com todo cuidado, porque o mínimo descuido pode colocar milhares de Plóctons soltos no ar de Polifield. A largada foi dada. Giraram a chave, abriram a entrada do mundo Limpzik e já não há mais barreiras entre nós nesse mundo mais que real e a realidade dos Limpziquilianos. Sons de plutonios são emitidos com intervalos regulares de 10 minutos e quarenta e cinco segundos, luzes são apagadas a cada momento, mas nunca deixam de existir luzes acesas. Em cima dos ponteiros a paisagem é admirada lentamente por quem tiver bom gosto, e de seis em seis meses quem estiver em cima deles, levará um solavanco devido ao horário de verão. As janelas tem um enquadramento perfeito para qualquer lugar que olhe. Hoje por exemplo a pomba está entre duas janelas quadradas e estas estão ao lado de mais duas, que estão encima de um teto, que estão todos dentro da janela. A pomba já se foi. Foi para outro enquadramento. Limpzik pode cansar fácil e se tornar branca, entediada.
A vantagem de ter chaves é o poder de abrir e fechar portas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

BRANCO

Mais que durmir as três da manhã é estar acordado as três da tarde.
Olhos que não se controlam mais.
Pensamentos que vão longe onde nem eu sei se vão parar em brancas nuvens, algodão, fumaça, em brancos nadas.
Mas algo me puxa e, aqui de novo sem saber se o melhor é fechar ou tentar abri-lo um pouquinho mais.
É dificil controlar tudo quando o que mais se quer é desmontar-se todo feito um boneco de vaquinha sustentada por elástico. Já nem sei se o peso no rosto são os olhos, a testa ou a sobrancelha que de tão grossa parece mais pesada que o normal. Cama, cama, cama. Sono sono sono.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

JORNALISTA PASSA A BOLA

Foi-se o tempo. Ou melhor, deu-se um tempo.
Eis que o jornalista passou a bola para o publicitário. Na verdade o jornalista havia roubado a bola do publicitário e, permaneceu com ela por algum tempo mas não aguentou a pressão, ou o estusiasmo de seu companheiro, afinal quem chega primeiro na maioria das vezes tem a vez.
O responsável por noticiar os fatos e carregar a pose e o fardo da profissão está descançando à espera de voltar a ativa, porque por enquanto o publicitário está com a responsabilidade e todo o frenezi que envolve a profissão.
São os dois muito cordiais e carvalheiros, cada um soube respeitar o outro em suas decisões e ambos sabem esperar a hora certa de voltar a trabalhar. Uma dupla perfeita!